Conteúdo deste post:
- O Checkpoint Charlie
- O que fazer no Checkpoint Charlie
- ‘Soldado’ alemão exaltando o Corinthians
- Quem era Charlie?
- Crise de Berlim (Berlin Crisis)
- Nos arredores você também pode conhecer…
O Checkpoint Charlie
Checkpoint Charlie era um dos postos de fronteira, localizados entre a porção ocidental e oriental de Berlim, durante a Guerra Fria. Apenas nestes locais, era possível atravessar legalmente de um lado para o outro da cidade. Desde que você tivesse autorização, obviamente.
Em 1961, dez dias após a construção do Muro de Berlim (Berliner Mauer), foram definidos 8 pontos de travessia:
7 em ruas e um na estação de trem Friedrichstraße. Dentre estes, o Checkpoint Charlie era a principal entrada para diplomatas, jornalistas e estrangeiros.
Além disso, era ali que membros das forças armadas aliadas (Americana, Britânica e Francesa) registravam-se antes de atravessar para Berlim Oriental.

Os vistos podiam ser concedidos apenas aos moradores do lado ocidental e tinham validade de um dia. Antes de atravessar, os visitantes autorizados tinham que trocar uma quantidade pré-estabelecida da moeda ocidental (Marco Alemão) pela oriental. Essa troca não era das mais vantajosas, pois além de sofrer com uma taxa de câmbio desfavorável, não era permitido, ao voltar para o lado ocidental, ficar com o dinheiro excedente.
O que fazer no Checkpoint Charlie

Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, a estrutura do posto de fronteira foi removida. A cabine original, na qual ficavam os guardas, foi transferida para o Museu dos Aliados (Allierten Museum), onde está até hoje.
Atualmente, ao visitar o Checkpoint Charlie, encontramos uma réplica desta cabine e também da placa de aviso que existia na fronteira. No alto de um ‘poste’ de metal há fotografias de um soldado soviético e de um americano, de forma que cada um ‘observa’ o lado inimigo. Uma faixa de paralelepípedo, por sua vez, marca o local exato em que havia a antiga separação entre o lado capitalista e o socialista.

Em frente à cabine, ficam pessoas vestidas como os soldados da época. Você pode tirar fotos com eles se pagar alguns euros (3 se não me engano). Por outros 5 euros você pode levar um papel bonito com 7 carimbos históricos (há uma opção mais cara e com mais carimbos, também). Se for dos turistas mais ‘ousados’, pode pedir para carimbarem direto no seu próprio passaporte. Eu fiquei com a papel bonito mesmo.

Tudo isso fica no meio da rua de mão dupla, em um pequeno (mesmo) espaço cimentado. Por isso, cuidado ao atravessar e boa sorte com as fotos (invadidas por carros e ônibus).

Bandeiras americanas, Mc Donald’s, KFC. O Checkpoint Charlie ainda é um ‘território’ americano em plena Friedrichstraße.
Vai Corinthians?

Ao chegar ao Checkpoint Charlie, já fiquei alerta. Por quê? Se você for corinthiano ou, como é meu caso, tiver um namorado corinthiano, provavelmente já deve ter visto o vídeo de um ‘soldado’ alemão exaltando o Corinthians e tirando sarro dos outros times brasileiros. Onde isso aconteceu? Yep, Checkpoint Charlie.
E não é que lá estava o mesmo indivíduo, tirando fotos com os turistas. Eu, muito ‘desinibida’ que sou, só fiquei observando.

Bem, resolvi garantir meus carimbos enquanto reunia energia para conversar com o tal corinthiano. Aí outra surpresa, o ‘guarda’ que carimbava os passaporte me perguntou de onde era. Brasil. Aí ele me desembesta a falar português, com um sotaque diferente, mas totalmente inteligível!
De onde ele era? Polônia. Tinha vindo para a Alemanha há algum tempo e como já estava dominando o idioma local, resolveu aprender outra língua. Tudo isso estudando sozinho. Inspirador! É tão difícil achar quem tenha real interesse em aprender qualquer coisa.

Perguntei então se o outro ‘soldado’ era o tal corinthiano do vídeo. O polonês já o chamou e falou que éramos brasileiras e que gostávamos do Corinthians (infâmia!). Perguntei se poderia filmá-lo para mostrar depois para o pai e namorado torcedores.
Super simpático, o ‘soldado’ alemão, com cara e sotaque de italiano, fez toda a cena de novo.
Corinthianos guardem bem esse rosto quando forem à Berlim e aproveitem os elogios ao seu time. Os não corinthianos podem se divertir também com a cena, certamente.
Quem era Charlie?

Ninguém. O nome Checkpoint Charlie não faz referência a nenhum ser chamado Charlie, e sim ao alfabeto fonético da OTAN. Neste alfabeto, a letras são representadas por códigos: A, alfa; B, Bravo; C, Charlie; etc..
E sim, existiam também os Checkpoints Alfa e Bravo, localizados próximo a Helmstedt e a Drewitz, respectivamente.
Crise de Berlim (Berlin Crisis)
Em agosto de 1961, o Checkpoint Charlie presenciou um dos momentos mais tensos da Guerra Fria: por 16 horas tanques americanos e soviéticos ficaram frente a frente em um confronto silencioso. Qualquer mínima alteração nesse equilíbrio instável poderia, muitos creem, culminar na 3ª Guerra Mundial.
A causa? Os soviéticos começaram a descumprir o acordo que permitia o livre acesso dos diplomatas americanos à Berlim Oriental e, quando barraram um que ia ao teatro, extrapolaram a tolerância americana.
A partir daí, foi um jogo entre os super egos militares (para variar né). Na última rodada, ao darem all-in com seus tanques de guerra, somente um acordo entre os líderes das nações acabaria com a perspectiva sombria. Felizmente, Berlim não era vital aos interesses dos Estados Unidos. Assim, o então presidente Kennedy preferiu chegar a um acordo pacífico. Os tanques voltaram com os rabos entre as rodas, cada um para seu lado, e a guerra felizmente continuou fria.
Se quiser saber mais sobre isso: cá está um bom link.
Nos arredores você também pode conhecer:
Mauermuseum – Museum Haus am Checkpoint Charlie (Wall Museum – Checkpoint Charlie)
Horário de Funcionamento: todos os dias (inclusive feriados), das 9 às 22h – Ingresso: € 12,50 (adulto)
Museu que, desde sua fundação em 1962, trata da história do Muro de Berlim e de suas implicações. Nele estão objetos utilizados nas tentativas de fuga para o lado ocidental e também inúmeros relatos dessas mesmas tentativas. A placa fronteiriça original do Checkpoint Charlie está exposta aqui.